Thursday, November 02, 2006

caligrama visual / xangô

A poesia visual ou não-verbal, com base numa atitude de experimentação em face das linguagens intra ou extraliterárias, constitui uma resposta crítico-criativa à inflação verbal subjacente à explosão dos meios e das novas tecnologias engendradas pela era digital-virtual. Esta poesia responde tanto à visualidade sem fundo do poderio televisivo, quanto ao cinismo pós-moderno que dá as costas ao esvaziamento das idéias. A poesia visual é palavra que se expande em figura, ícone. Na poesia visual (não-verbal), a espacialidade gráfica confere uma sintaxe não gramatical ao poema, o traço visual se projeta sobre o fonológico. Uma constelação de palavras e signos, obedecendo a uma sintaxe posicional, põe em questão o verso como meio consagrado para expressar o "poeticamente correto". O poema Un Coup de Dés (1897), de Mallarmé, representa a consciência desse processo que pode resultar em "nada ou quase (n)uma arte". (ronald augusto)

Thursday, October 12, 2006

depois do jantar

rosa marques, acrílica sobre tela, 0,90 x 0,70 (2004)
Rosa, teus quadros, pastos para um olho crí(p)tico, pedem um sobrenado, prévia de mergulho, exame caótico de superfície. Não que já não suscitem um verbo desencadeado, livre com e como as cores.

Cândido Rolim

Wednesday, September 20, 2006

agora, sim

colagem sobre xerox, 1997 (22 cm x 30 cm)
rosa marques
nota prévia: finalmente o poema e a colagem aparecem juntos, como era a idéia inicial. infelizmente, quando o poema foi publicado no livro Confissões Aplicadas (2004), não foi possível estampar o trabalho da rosa. agora, sim. e o poema é dedicado a ela.

murograma das mentalidades e
camadas de pontos de vista sob
luz recortada

comme si

transparência suja
coalho de fissuras
pulsão de cores colaborando por meio
de nervosa intransigência

o espaço como dobradura
ou duração

uma imagem dentro
de uma imagem
que é uma imagem dentro
de outra
ou
visão em abismo e fuligem
de significados

o olhar perscruta
a paisagem sem lugar (
um rasgo sobrenada
) e em close reading
se detém sobre aparas da linguagem
do mundo (o jornal o simulacro
a coluna estatística) e elas
refluem agora como
estilemas de um outro organismo
elementos do mundo da
linguagem: poesia háptico-visual

(ronald augusto)



Thursday, September 07, 2006

aos 20 anos do elomar


"jogo entre sombra e luz", rosa marques
(óleo sobre tela, 1,20 x 0,70)

Sunday, August 27, 2006

sem título, 2006

rosa marques, acrílica sobre tela, 1,50 x 0,90

um afogueado azul se derrama

um par de olhos que dormita

o sorriso sem gato carrolliano

o olhar sem rosto sobreposto
(ronald augusto)

Sunday, July 30, 2006

uma das 10 ilustrações


grafite sobre papel, rosa marques 2006
desenho em andamento para um livro de filosofia de Hingo Weber.

Sunday, June 25, 2006

elomar


acrílica sobre tela, rosa marques, 2004

amaralina


acrílica sobre tela, rosa marques, 2004

comentário de poeta

Rosa, estou encantado com teu traço. Adoro o desabandono da figura humana, me traz alegria ver a alegria delicada das cores onde mergulhas tua sensibilidade. (mario pirata)

Thursday, June 15, 2006

festa 1

acrílica sobre tela, rosa marques, 2005


bom esse casamento de conflito vivo (verbo/visão); nenhum meio procurando rasgar a incompletude do outro e, principalmente, sem cair no erro de ilustrarem-se, respeitando quiçá as arestas significantes de cada feito artístico. quer dizer, quadro e poema se inauguram e por acaso se apontam, ou o verbo é arrastado pelo quadro ou este, pela sua autonomia plástica, força o poema a dizer também para si. falácia de que um completa o outro: poema e quadro dão seu salto em direção múltipla. (cândido rolim)

festa 2


acrílico sobre tela, rosa marques, 2005


balões em pétalas sobre
pairam

no centro sentada à maneira da
mexicana frida a menina ex
ceto pelo rasgo do sorriso

enquanto a outra estica
a mão para a linha invisível

e os
meninos ali à esquerda
num: a estampa do cachorro
contrasta com a elipse dos lábios
tímidos

(ronald augusto)

Saturday, May 27, 2006

questão de material

Depois das vanguardas da metade do século 20, a idéia de “material” muda de figura. Por exemplo, a arte contemporânea discute a questão da desmaterialização dos seus signos, isto é, cada vez mais se verifica uma recusa aos materiais e suportes consagrados pela tradição das “belas-artes”. O artista contemporâneo tem a sua disposição uma grande variedade de materiais e suportes. A madeira, o bronze, o mármore, a tinta, o barro, a tela tensa na moldura, etc., já não representam elementos inescapáveis da gramática artística. A estética do precário/efêmero, trouxe para a arte os “materiais da vida”, a dose necessária de anti-arte. Aqueles materiais “eleitos”, correspondem a um tipo de arte concebida para durar além das intempéries. Os materiais e suportes tradicionais exigem do artista seu caráter de artesão, o sujeito que extrai o máximo da matéria-prima. Hoje em dia, o lado artesão começa a perder fôlego. Na academia não se fala mais em “artes visuais”, mas, antes, em “poéticas visuais”. Com isso se privilegia o design de linguagem, a idéia-imagem projetada sobre jogos esquivos de sentido em detrimento da ação física sobre a matéria cujo objetivo era guindá-la aos estratos do sublime. O pintor Volpi dizia que na realização de seus quadros a execução era fácil, complicado era o engendramento da idéia. Mas idéia, aqui, não equivale à conteúdo, a arte seria, antes, uma estrutura, uma coesão-tensão de signos, uma “coisa mental”. (ronald augusto)

Wednesday, May 17, 2006

festa de reis


acrílico sobre tela, 1999. rosa marques.

poema catalão

Hálito

Pego a régua,
a caixa de compassos
e começo a riscar
e desenhar.

Passa um pássaro e o poema acaba. (Joan Brossa 1919-1998)

Friday, May 12, 2006

akan


acrílica sobre tela. rosa marques.

festa 3


acrílica sobre tela. trabalho em andamento. rosa marques.

Sunday, April 30, 2006

sobre o trabalho de Rosa Marques

O trabalho de Rosa Marques se constitui a partir de um mergulho no fragmento e no inacabado. Expressão da vontade de discutir os limites da expressão.
A artista se mantém, portanto, rente à estética e às questões da representação que concernem ao nosso tempo.
Suas pinturas – que nos remetem mais à brevidade do desenho do que à “eloqüência” pictórica – são como que grafitos exasperados, rascantes, de uma memória porosa, perturbada por outras camadas da subjetividade.

(Ronald Augusto)


Rosa Marques vem, em princípio, no encalço dos pintores pós-impressionistas do início do século, já que aposta e mantém o apreço pelos efeitos pictóricos sensoriais mais tradicionais – óleo sobre tela, acrílico e depois os demais gradativamente a atualizá-la – discutindo, por esses efeitos, a relação da figura humana com seu entorno.
Investe no universo das emoções, das significações até uma figuração obscura do pop, comics entre outros que lhe dá atualidade e originalidade, sem perder a plasticidade inicial, seu atributo maior.

(Marilene Pietá)

Saturday, April 29, 2006

um poema de salvador/ba

sacola plástica
outra (branca) pele aditada à (pele)
branca do nabo
embaraço de verduras
varas de cana a um canto
alegorias de mão
cromado o sépia da multidão de cebolas
escalpo de milho verde
sua dourada dentadura cesário
verde masca cenouras novas
cospe o fibroso bolo a
boca de borracha da nívea máscara
destina o re
sumo aos intestinos
trapo úmido no assoalho
salgações para o vento

(ronald augusto)







Sunday, April 23, 2006



kitaj

golpes de cor

no couro vegetal
da tela defendida pela brancura

(ronald)
CURRÍCULO


Rosa Marques (Porto Alegre, 1953)


FORMAÇÃO: Bacharelado em Artes Plásticas-Habilitação em Desenho - Instituto de Artes da UFRGS, 1995. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: Linhas de Força - Câmara Municipal de Porto Alegre, 2002. Casa de Cultura Mário Quintana e Caixa Econômica Federal, 2001. Remanescentes e Refugiados - Casa de Cultura Mário Quintana, 1999. Pastéis e Aquarelas, Casa de Cultura Mário Quintana, 1986; Aquarela Temperas e Pastéis - Caixa Econômica Federal, 1986. EXPOSIÇÕES COLETIVAS: II Salão de Arte Cidade de Porto Alegre, Usina do Gasômetro, 2000. Salão de Alunos do Ateliê, Saguão do Centro Municipal de Cultura - Porto Alegre, 2000, 1997, 1995. Galeria do DMAE, Porto Alegre,1999. Arte Ecológica - Caixa Econômica Federal de Salvador-Bahia, 1991. Arteirice - Pinacoteca de Santo Ângelo - Instituto de Artes da UFRGS, 1986. I Prêmio Pirelli “Pintura Jovem” - Hall Cívico Assis Chateubrian - São Paulo e Hotel Plaza São Rafael, 1985. OUTRAS ATIVIDADES: Painel para TV COM, Programa Falando Abertamente, 2000. Capa do CD “Os Humanos” de Ronald Augusto e Hingo Weber, 1998. Ilustrações do Livro “Através da Lógica” de Hingo Weber e Cinara Nahra, Vozes, 1a ed., 1997; 2a ed., 1998; 3a ed., 2000.

sobre a pintura

Pintar é uma forma de viver além do mero viver.

verba

uma das obras

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Rosa Marques: Bacharelado em Artes Plásticas-Habilitação em Desenho - Instituto de Artes da UFRGS, 1995. INDIVIDUAIS: Linhas de Força - Câmara Municipal de Porto Alegre, 2002. Casa de Cultura Mário Quintana e Caixa Econômica Federal, 2001. Remanescentes e Refugiados - Casa de Cultura Mário Quintana, 1999. Pastéis e Aquarelas, Casa de Cultura Mário Quintana, 1986; Aquarela Temperas e Pastéis - Caixa Econômica Federal, 1986. COLETIVAS: II Salão de Arte Cidade de Porto Alegre, Usina do Gasômetro, 2000. Coletiva no Saguão do Centro Municipal de Cultura - Porto Alegre, 2000, 1997, 1995. Galeria do DMAE, Porto Alegre,1999. Arte Ecológica - Caixa Econômica Federal de Salvador-Bahia, 1991. Arteirice - Pinacoteca de Santo Ângelo - Instituto de Artes da UFRGS, 1986. I Prêmio Pirelli “Pintura Jovem” - Hall Cívico Assis Chateubrian / MASP - São Paulo e Hotel Plaza São Rafael, Porto Alegre, 1985. OUTRAS ATIVIDADES: Painel para TV COM, Programa Falando Abertamente, 2000. Capa do CD “Os Humanos” de Ronald Augusto e Hingo Weber, 1998. Ilustrações do Livro “Através da Lógica” de Hingo Weber e Cinara Nahra, Vozes, 1a ed., 1997; 2a ed., 1998; 3a ed., 2000. Desde de 2004 atua como Arte-educadora.

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